Depois de mais de um ano fazendo musculação e aeróbica na academia, os joelhos da estudante Ana Prado Nogueira, 19, começaram a doer. Ela até que tentou manter a malhação, mas as dores foram mais fortes e a levaram da academia para o ortopedista. Diagnóstico: estresse devido à sobrecarga. "Tive que parar por uns oito meses", conta ela, que faz cursinho preparatório para o vestibular. Depois de recuperados os joelhos, o médico autorizou a volta aos exercícios, mas alertou que ela precisaria escolher uma modalidade que não forçasse tanto. Ana preferiu dançar e pratica há quatro meses dança indiana, duas vezes por semana.
Assim como a estudante, outros paulistanos vêm trocando os aparelhos, as piscinas e a ginástica pela pista de dança e, por indicação médica ou em busca de um exercício diferente, vêm mantendo a forma física ao som de forró, gafieira, bolero, tango ou frevo. "E é impressionante o efeito", comemora Ana. "Parece moleza, mas é puxado. São duas horas suando, meus músculos das pernas estão superfortes e não senti mais nada nos joelhos. "Para a coordenadora do curso de dança da Unicamp, Graziela Estela Fonseca Rodrigues, 51, há ainda um fator de equilíbrio do corpo que a dança incentiva. "A dança trabalha com a totalidade do corpo. Não só os aspectos físicos, mas também os emocionais", afirma.
Depressão
A dona-de-casa Rosa Paula Ibarra, 60, conta que quem a vê hoje nem acredita que, há cinco anos, ela era uma mulher deprimida, que dependia de remédios até para dormir. "Em 2000, fiquei viúva, me sentia triste e solitária", diz. Foi o neurologista que indicou mais vida social e exercícios físicos. Ainda relutante e pouco animada, Rosa procurou a academia, incentivada pela filha, professora de dança.
Há um ano, ela não toma mais nenhum antidepressivo. Hoje ela namora Antonio, 64, que conheceu no clube Piratininga, um dos templos dos bailes de São Paulo, e não perde as saídas para dançar com o pessoal da academia às sextas, aos sábados e aos domingos."É infalível. Vamos sempre.
Meu namorado não dança, mas me acompanha em tudo. Na academia, já comecei a dar aulas particulares", conta Rosa, que prefere dançar gafieira, bolero e forró. E a osteoporose? Sim, ela sofre também de osteoporose, mas as dores nas pernas sumiram e Rosa diz nem sentir mais a doença."Outro dia me perguntaram se eu era irmã da minha filha. Hoje me sinto mais jovem e mais bonita", afirma.
Meu namorado não dança, mas me acompanha em tudo. Na academia, já comecei a dar aulas particulares", conta Rosa, que prefere dançar gafieira, bolero e forró. E a osteoporose? Sim, ela sofre também de osteoporose, mas as dores nas pernas sumiram e Rosa diz nem sentir mais a doença."Outro dia me perguntaram se eu era irmã da minha filha. Hoje me sinto mais jovem e mais bonita", afirma.
A cabeleireira Francisca Alves Soares, 43, faz aulas de dança à tarde e marca os horários de seu salão em função delas. Ela começou as aulas há cinco anos, quando se separou do marido. Na época, sofria com uma tendinite crônica que lhe doía bastante os braços. "A cada dois meses, eu ia tinha que ir ao hospital para tomar injeções que aliviassem as dores", relata. Depois das aulas de forró universitário e pagode (os ritmos de que ela mais gosta), as idas ao hospital foram ficando cada vez mais espaçadas. "Há um ano, não faço mais nenhuma aplicação. Corrigi minha postura, e as dores acabaram", comemora.
Para quem quer perder peso ou melhorar o desempenho cardiovascular, por exemplo, o fisiologista lembra que o ritmo escolhido tem de ser suficientemente vigoroso para trazer os benefícios que a pessoa procura. "Se ficar só no 'dois para lá, dois para cá', claro que os efeitos serão menores", brinca ele. A professora da Unicamp discorda. "Mesmo um bolero, bem dançado, com todas as suas variações, tem boa queima calórica", diz Graziela. Para as mulheres, Fátima Aparecida Silva Cruz avisa que a dança é ótima para fortalecer os glúteos. Para os que querem se livrar da barriga, ela lista os ritmos mais "queimadores", nesta ordem: frevo, rock, forró, samba, lambada, salsa, tango, dança do ventre, merengue e bolero. "Claro que não é uma lista científica, varia de pessoa para pessoa. Mas, na média, é mais ou menos isso", diz
Orientação e cuidado
Os três professores, no entanto, afirmam que o mais importante é estar bem orientado durante o exercício. "Se o aluno faz movimentos errados e não é corrigido, em vez de melhorar músculos e a coluna, ele pode estar criando um problema futuro", diz o professor da Unifesp.Era o que acontecia com o violonista Rodrigo Lopez Ribeiro, 23. "Eu sempre quis aprender, mas tinha o corpo duro", diz. "Há três anos, morava em Curitiba e saía todas as noites para dançar. Aprendi na prática."Sempre rolou muita paquera e o músico acabou namorando uma "autodidata" como ele. Chegaram a ganhar um concurso de forró. "Mas havia dias em que eu não agüentava as dores nas costas", lembra.De volta a São Paulo, Rodrigo procurou uma escola e corrigiu os vícios de postura. Hoje ele afirma não ter mais dores.
A professora de educação física e da pós-graduação em dança na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) Fátima Aparecida Silva Cruz, 37, diz que casos como o de Rosa e Francisca são comuns. "Além dos benefícios à saúde, a dança contribui para a melhora da auto-estima, diminui a timidez e, como os outros exercícios, libera endorfina, portanto a pessoa ganha em bom humor", explica ela, que também é professora de dança de salão."E a modalidade não tem contra-indicação. Qualquer pessoa pode dançar", afirma o fisiologista do São Paulo Futebol Clube e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Turíbio Leite de Barros, 54.
Estanislau De Freitas (Colaboração para a Folha)
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