domingo, 3 de fevereiro de 2013

Dança de salão agita Terceira Idade 
 Igor Galante

 A idade pode não ser de menina, mas a vitalidade, o gingado e a destreza com que executam os passos mais loucos da dança não deixam dúvidas de que elas dão um banho de talento na pista, derramando um rastro de alegria de viver. É isso mesmo. A Terceira Idade está encontrando na dança de salão sua válvula de escape da depressão e do baixo-astral, ao mesmo tempo em que espanta os riscos de boa parte das doenças da velhice.
Em Rio Preto, um grupo de cerca de 60 senhoras, com idades entre 46 e 76 anos, já se entregou aos benefícios da dança de salão e não erra um passo seja de tango, gafieira, bolero, rumba, salsa ou tcha tcha tcha. “A dança aumenta a minha auto-estima e me enche de entusiasmo de viver. Ao dançar, o lema é ‘Xô, depressão”, relata a aposentada Maria Helena de Silvio, 53 anos. Ela, que nunca havia dançado, nem na juventude, começou há quatro anos, por recomendação médica, pois tinha tendência à depressão. “Eu resolvi adotar a dança de salão como um exercício físico”, diz a assistente social aposentada Maria Thereza da Costa, 67. “Eu sou do tempo que Thereza se escrevia com ‘Th’”, brinca. Depois que se aposentou, ela, que tinha uma vida bastante ativa, começou a engordar. Seu geriatra lhe indicou esportes. Ela optou pela dança. O resultado foi melhor do que o esperado. “Estou dançando há dois anos e já emagreci 7 quilos”, confessa. Confiante, positiva e solteira, ela dá um show nos bailes. Mas por mais incrível que pareça, ainda toma alguns “chás de cadeira”. “Geralmente, nos bailes para terceira idade, vão os casais. Só que sempre pinta algum ‘avulso’ que a gente tira para a pista”, diz. “Hoje eu faço passos que até os mais jovens se espantam”, rebate a aposentada Célia Monteiro dos Santos, 54 anos. “A dança é uma verdadeira terapia. A auto-estima vai lá em cima”, resume. Célia começou a dançar há 3 anos. Extremamente ativa, dificilmente é encontrada em casa. É mais fácil achá-la no clube Palestra, jogando vôlei, peteca, ou dançando. Em sua casa há estante cheia de troféus conquistados em campeonatos. “É o meu orgulho”. Quando se aposentou, ela conta que nem quis dar tempo para que a depressão se aproximasse e logo se ocupou do que fazer. “Estou vivendo agora; vou dedicar-me a mim”, avisa a aposentada.

 Para Guto Rodrigues, 29, professor de dança de salão do grupo de terceira idade, dançar é o melhor remédio para o corpo e para a mente. “A dança é um estímulo para elas não ficarem presas em casa”. Segundo Rodrigues, pelo lado psicológico, a prática desta atividade ajuda a mudar o visual da turma, que se sente mais auto-confiante. Na parte física, no entanto, os benefício vão além. “Em uma aula de tango, por exemplo, elas chegam a queimar 500 calorias”, garante o professor. Além disso, a dança melhora a circulação sanguínea e a coordenação motora. Mas há um detalhe muito importante: “Todas as alunas passam por uma avaliação física antes de começar a dançar, pois os passos exigem bastante delas”, conta.

“Eu danço três vezes por semana, mas não posso bobear, por isso também faço ginástica na academia”, diz Maria Helena. “A gente não tem mais a flexibilidade dos 20 anos; tudo depende de investir também em atividades físicas”, acresce Célia.

Campanha investe nas pessoas idosas

Existem 14 milhões de brasileiros (55,1% mulheres e 44,9% homens) acima de 60 anos, segundo o Censo 2000 do IBGE. Eles serão 32 milhões em duas décadas, de acordo com estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). A expectativa de vida deve saltar para 80 anos até o ano de 2025.

“O idoso está no centro dos debates: de um lado, cresce o espaço que eles ocupam na vida das famílias - muitas vezes o dinheiro da aposentadoria do vovô ou da vovó é a maior fonte de renda familiar; de outro, a Terceira Idade ganha vida própria, com cuidados, passatempos e até viagens específicas”, diz a médica geriatra Maristela Soubihe. Em São Paulo, por exemplo, funciona uma agência de viagens, a Apel, especializada em turismo cultural para a Terceira Idade. “Quanto mais a sociedade e as empresas se conscientizarem do quanto é importante aproveitar experiências já vividas, mais fácil será para os jovens entender a importância de aprender com os mais velhos, o que contribui para o resgate da cidadania das pessoas idosas”, diz.

Fonte: Diario Web




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